Descobri que não sei
amar!
Em todo tempo de vida cristã
somos bombardeados por “conceitos” e mandamentos a respeito do amor e sobre amar.
A questão, enquanto teoria é fácil: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao
próximo como a si mesmo (Mateus 22:34-40). O problema surge quando partimos
para a prática.
Em primeiro lugar nossa cultura
nos engana confundindo amor e paixão. Pensamos que uma emoção forte e
arrebatadora nos eleva espiritualmente, o que não é verdade. A paixão, hoje
tida como algo positivo, em seu conceito original, é um sofrimento intenso por
causa de uma ligação afetiva intensa e, na maior parte das vezes, não
correspondida. Tanto é assim que a descrição do sofrimento, prisão,
crucificação e morte de Cristo são denominadas sua paixão.
Paixão, pela psicologia, é uma emoção, algo intenso e de curta duração e amor é tratado como sentimento, algo mais brando, porém firme e duradouro. É bem verdade que existam casais que se apaixonaram e posteriormente este relacionamento veio a ser permeado de amor, mas não deveríamos considerá-lo um padrão.
Em segundo lugar devemos perceber
que se o amor fosse algo somente para se sentir não seria um (ou dois)
mandamento(s).
Amar na Palavra de Deus tem mais
identificação com decisões do que com sentimentos e emoções. Como amar um
inimigo? Como amar alguém possuído? Como amar quando isso lhe traz dor? Percebo
com isso que o segundo grande mandamento (amar o próximo) revela um fator
interessante. Amor deve nos fazer olhar para nós mesmos e ver nossa semelhança
com o outro.
Então como alguém como eu poderia
amar de verdade, e principalmente, amar a Deus? Sempre sou confrontado pelas
escrituras.
Reconheço que não sei amar porque o verdadeiro
amor lança fora todo medo (I
João 4:18), e não consigo deixar de pensar em quanto posso sofrer por me
aproximar de alguém que pode me causar mal só para fazê-lo se chegar a Deus.
Reconheço ainda que não sei amar,
pois as decisões que tomo quase nunca levam em conta a vontade de Deus (João
15:5) em perdoar os pecados pois o amor cobre uma multidão de pecados (Tiago
5:20), mas levam em conta o meu juízo contra alguém.
Reconheço que não sei amar, pois
minha boca tem falado, mas o som que se tem ouvido parece a repetição de um
sino, pode ter tom, nota e ritmo, mas depois de algumas batidas aflige os
ouvidos e faz com que se afastem de mim (1 Coríntios 13:1).
Reconheço que não sei amar porque
as coisas que faço, por mais fantásticas que sejam não fazem que outros sejam
revestidos do amor (1 Coríntios 13:2).
Reconheço que não sei amar porque
até as minhas esmolas são utilizadas para me fazer aparecer e não para abrir-me
verdadeiramente às almas famintas (1 Coríntios 13:3 Is58:6).
Reconheço que não sei amar por
que tenho sido arrogante, mal, invejoso, leviano, indecente, egoísta, iracundo,
desconfiado e injusto (Gálatas 5:19-21), quando deveria ter mais amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão e equilíbrio (Gálatas 5:22).
Reconheço que não sei amar porque
não quero sofrer, sou incrédulo, desesperançado e não quero suportar o peso dos
outros (Gálatas 6:2).
Reconheço que não sei amar, pois
escrevo coisas pensando em como isso vai repercutir a meu favor e não como Deus
será engrandecido (João 12:43).
Reconheço que não sei amar
“porque Deus amou o mundo de tal maneira…” (João 3:16) e eu não consigo
entregar nem a minha própria vida, que dirá a de meus filhos.
Reconheço que não sei amar. A
Bíblia diz que no final o amor de quase todos se esfriaria e eu não sou mais
que uma pedra fria.
Reconheço que não sei amar, pois
sou um espelho embaçado que não reflete com perfeição a imagem daquele que se
olha nele (1 Coríntios 13:12).
Meu Senhor Jesus, quando poderei
te louvar refletindo teu amor? Quero saber amar para te adorar como só tu
merece.
Ricardo Mattos
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